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Seca prolongada exige estratégias de convivência, alertam pesquisadores do Insa

 

Pesquisadores do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), alertam para o agravamento da estiagem caso seja confirmada a ocorrência do fenômeno El Niño em 2017. Os modelos oceânicos analisados pelos principais centros de meteorologia do mundo apontam a possibilidade de o El Niño influenciar negativamente o regime de chuvas no Nordeste brasileiro. A seca no semiárido já dura seis anos e atinge a maior parte da região, de acordo com o mapa de monitoramento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas (Lapis/Ufal) em parceria com o Insa.

Segundo os pesquisadores, a formação do fenômeno La Niña e o esfriamento das águas do Oceano Pacífico no final de 2016 aumentaram as expectativas sobre a chegada das chuvas no semiárido neste ano. No entanto, desde janeiro, a Temperatura da Superfície do Pacífico Equatorial encontra-se em elevação, o que indica a possibilidade de ocorrência do El Niño.
"As pesquisas meteorológicas têm demonstrado que a posição geográfica do Nordeste favorece a ocorrência de seca quase sempre associada com o fenômeno El Niño", explica o meteorologista, Humberto Barbosa, coordenador do Lapis/Ufal.

O primeiro instituto a sinalizar a formação do El Niño em 2017 foi o Bureau of Meteorology, da Austrália, em boletim de 28 de fevereiro. De acordo com o documento, seis das oito simulações indicaram potencial ocorrência do fenômeno até julho deste ano. Em março, o Instituto Americano de Oceanografia e Meteorologia (NOAA) e o Instituto de Pesquisa Internacional para o Clima (IRI), da Universidade de Columbia, reforçaram o alerta. "A continuidade da seca no semiárido trará insegurança alimentar e hídrica para uma população rural e urbana de mais de 24 milhões de pessoas que vivem na região", afirma Humberto.

Estratégias

A seca prolongada exige estratégias para captar e armazenar água, viabilizar a agricultura de sequeiro, sobretudo o cultivo do milho e do feijão, produzir forragem e preservar o uso da caatinga. De acordo com a pesquisadora Marilene Melo, do Insa, tecnologias sociais foram desenvolvidas para captar água da chuva nos telhados das casas e levá-la por meio de canos para cisternas, garantindo o consumo das famílias e dos animais. Já a água acumulada nos barreiros, que são tanques escavados no solo, pode ser usada nas plantações. "No semiárido, a água é um recurso limitado. Por isso, é importante estocar", afirma.

Segundo a pesquisadora, as criações também são fundamentais para garantir renda para os pequenos produtores. "Os agricultores foram percebendo que a melhor estratégia para enfrentar um longo período de estiagem é manter um rebanho com pequenos animais, como cabras e ovelhas. Além disso, também foram reduzindo a quantidade de animais em suas propriedades", explica.

Palma

Outra estratégia de convivência com a seca é usar sementes e plantas mais adaptadas ao clima no semiárido. "Os agricultores buscam alternativas para viabilizar a agricultura de sequeiro, recorrendo a sementes mais resistentes", diz o agrônomo do Insa João Macedo, que também atua como consultor do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

Ele lembra que uma importante fonte de água e alimento para os rebanhos do semiárido são as plantas forrageiras, tanto as nativas quanto a palma, cuja revitalização vem sendo incentivada pelo Insa com o desenvolvimento de variedades resistentes ao inseto-praga Cochonilha do Carmim. Pesquisa do Insa aponta que o uso da palma forrageira na alimentação de caprinos e ovinos diminui em até 60% o consumo de água pelos animais. "A segurança alimentar dos animais do semiárido passa pelas plantas forrageiras", ressalta o agrônomo.

Por isso, o Insa investiu R$ 500 mil no projeto de revitalização da palma, que resultou na implantação de campos de pesquisa e multiplicação em 26 municípios do semiárido da Paraíba atingidos pela praga. Vinte pesquisadores participaram do projeto, que também inclui a distribuição de 5,3 milhões de raquetes-sementes.

Fonte: MCTIC

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