Raimar Redoval, auditor do TCE-PB, faz cordel que enaltece a transparência pública
Em dia de referências aos avanços da legislação de transparência pública e de lembranças pela passagem do aniversário de quatro anos da Lei de Acesso à Informação, a abertura da sessão do Pleno no Tribunal de Contas da Paraíba nesta quarta-feira (18) foi marcada, também, por inédito recital de cordel sobre o papel das instituições que fiscalizam recursos públicos e a importância da participação da sociedade para o controle social no país.
O auditor de contas públicas Raimar Redoval de Melo compôs, em apenas 48 h, sob incentivo da nova procuradora do Ministério Público de Contas, Sheyla Barreto Braga de Queiroz, cordel que fala, entre outros pontos, da obrigação dos gestores em cumprir a Lei de Transparência e do direito dos cidadãos em ter acesso à informação produzida pelos órgãos públicos.
O cordel recitado, que antecedeu a apresentação em plenário, pelo conselheiro André Carlo Torres, do relatório de avaliação de transparência dos portais de prefeituras e câmaras da Paraíba, pode ler lido, na íntegra, a seguir:
Neste Nordeste sem medo
Morava um coronel
Destes, que o anel
Era maior que o dedo
Ele foi pedir em segredo
A um pobre eleitor
Como se fosse um favor
Pedido ao pé do ouvido
Disse em forma de pedido
Venha aqui meu Senhor.
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Vote no meu candidato
Que é de outra cidade
E mesmo com falsidade
É um sujeito cordato
Vou lhe passar o retrato
E essa chapa votante
Anunciou o aliciante
A cédula já ta marcada
Trouxe ela bem dobrada
Com o nome do postulante.
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O caboclo perguntou:
Coronel quem é o homem?
Diga qual é o nome
Desse seu amigo, Dotô
Sempre votei com o Sinhô
Que me é muito afeto
O Coronel disse não é certo
Dizer quem é o cidadão
Pois, aqui nesse torrão
O seu voto é secreto.
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Relatei essa história
Para lembrar uma Era
Isso hoje não impera
Mas fica sempre a memória
Uma pessoa simplória
Por vezes muito padece
Não sabe o que acontece
Sem controle social
Continua o curral
O povo só enfraquece.
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Saber o que fazem do erário
É tentar se conseguir
Vendo o dinheiro fugir
Não ficar feito um otário
Quando qualquer um falsário
Ludibria um cidadão
Seja em qualquer Rincão
Temos que dar um basta
E o que isso afasta
Lei de Acesso a Informação.
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Na mão com esse instrumento
É mais fácil controlar
A sociedade vai pagar
Mas, quer ver o documento
Será esse nosso intento
Um controle bem tranquilo
Diminuindo o sigilo
De dados e informações
Colocando opiniões
Não ficando no cochilo.
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A cultura do esconde
Não pode prevalecer
Pois, quem está no poder
É ao povo que responde
Assim não perca o bonde
Que se encontra a sua frente
Haja logo diferente
Busque saber o que é feito
Do Presidente ao Prefeito
Veja quem é diligente.
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Com a lei já mencionada
O acesso é a regra
Com o poder se integra
A pessoa informada
Daí pra frente é barbada
Discutir o ocorrido
Saber do bem gerido
Dizer o que é errado
E o que estava abafado?
Será por ser proibido?
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Para ter informação
Nem sempre tem que pedir
Pois, se pode conferir
Como se encontra a gestão
Com nova legislação
Que há na nossa regência
Nos livramos da dependência
De solicitação passiva
Divulgação proativa
Diz a Lei da Transparência
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Todo o ato praticado
Por unidade gestora
Essa lei reguladora
Manda ser bem divulgado
Tudo muito detalhado
Sobre despesa e receita
Se a coisa é suspeita
O cidadão logo sabe
A denúncia ali cabe
Pra ver se logo endireita
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Devendo ser liberado
Na rede de computadores
Um portal em que os gestores
Demonstrem o realizado
Procedimento adotado
Para o público acessar
E assim fiscalizar
Os atos do governante
E dali mais adiante
Saber quem vai colocar.
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Seja lá onde esteja
O Coronel mencionado
Com certeza, abismado
No meio de uma peleja
Por saber que se deseja
Abranger a sapiência
O controle é a essência
Da nova legislação
Acesso a informação
Através da Transparência.