Contraste

Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Cultura > Tônio abre exposição na Livraria do Luiz, neste sábado

Notícias

Tônio abre exposição na Livraria do Luiz, neste sábado

por publicado: 15/06/2018 14h51 última modificação: 16/06/2018 09h03
Ortilo Antonio Artista ao lado da pintura em óleo sobre tela intitulada ‘Carro de boi’, 
produzida em 2016

Artista ao lado da pintura em óleo sobre tela intitulada ‘Carro de boi’, produzida em 2016


William Costa

O artista plástico Tônio expõe, neste sábado (16), na Livraria do Luiz, em João Pessoa, catorze óleos sobre tela, sendo oito trabalhos com motivos regionais - entre os quais se destaca o quadro “Carro de boi” - e seis caricaturas de artistas paraibanos: Augusto dos Anjos, Ariano Suassuna, José Lins do Rego, Pedro Américo, Sivuca e Jackson do Pandeiro. A mostra permanecerá aberta ao público, no horário comercial, até o final deste mês.

Em entrevista, Tônio afirmou que realizar uma exposição individual de pinturas na Livraria do Luiz é motivo de muito orgulho, para ele, por se tratar de um dos mais tradicionais estabelecimentos de cultura da capital paraibana. “A Livraria do Luiz voltou a ser um ponto de encontro de escritores, professores, artistas e intelectuais, e eu fico muito feliz de poder participar dessa assembleia de notáveis da nossa cultura”, ressaltou o artista.

A arte de Tônio não se distingue pelo experimentalismo. Sua estética não é de ruptura, ou seja, sua proposta não é iconoclasta. Sua pintura se caracteriza pelo esmero técnico e por situar-se em um território conceitual que ora se distancia do que, tradicionalmente, se convencionou chamar de figurativismo realista, ora da arte naïf, embora ostente elementos formais das duas escolas. No entanto, é a xilogravura popular que melhor ilumina o espírito de sua obra.

A composição é sofisticada na forma geral e nos detalhes. Há equilíbrio cromático. Delicadeza e poesia nas cenas retratadas. No mais das vezes, Tônio apropria-se de uma temática regionalista; campesina. De um discurso “sociológico” que denuncia as agruras de grupos sociais ou de indivíduos excluídos, que ainda (sobre)vivem no litoral e interior nordestinos.

O artista não fica só nisso. Em um “denuncismo” agressivo. É que Tônio optou por uma “crítica social” implícita, referida. Ao que parece, ele busca retratar mais o cotidiano do povo simples de sua terra – a cidade de Santa Rita, na zona canavieira da região metropolitana de João Pessoa. Valores, virtudes e situações que estão fora do alcance das métricas que regem os modos de produção.

O que também empresta vigor extra à pintura de Tônio é a fuga que o artista empreende do realismo em sua forma mais pura, no retrato ou na paisagem, objetivando, com uma técnica personalíssima, a transfiguração, ora pelo nonsense, ora pela poesia, daquelas vivências que deixaram marcas indeléveis em sua alma de menino do povo, nascido próximo aos canaviais.
No entanto, a figuração de Tônio vai mais além. Assimila informações da arte indígena. Da ancestralidade rupestre. Da xilografia de cordel. Dos mestres primitivos brasileiros. Do muralismo mexicano. Do figurativismo colombiano. Avizinha-se, inclusive, no que diz respeito à sua cromática e volumetria, da “modernidade” de um Di Cavalcanti; de um Tomás Santa Rosa.

Vale ressaltar que Tônio é um excelente colorista. Harmoniza as tonalidades, e suaviza as cores primárias em uma opacidade que torna singular sua paleta. Seu traço também remete à geometria cubista de Picasso. A arte de Tônio está nos detalhes. No jogo de sombra e luz. Daí a beleza de suas paisagens e retratos; a expressão da alma humana que sabe expor no rosto de suas figuras.

Há um Brasil que existe apenas no universo artístico de Tônio. Um mundo que ele construiu e cuida com paciência de Buda – a luz que ele traz dentro do peito. Um Brasil a que jamais se poderá voltar – a não ser pela arte -, mas cuja essência faz-se necessário cultivar; trazer dentro de si, caso contrário, a vida real imitará aquela que Aldous Huxley preconizou, em seu admirável romance.

Sobre o artista

Natural de Santa Rita (PB), Antônio Gonçalves de Sá, o Tônio, 66 anos, integra a equipe de desenhistas do Departamento de Artes de A União. Autodidata, o artista fez, na “universidade da vida”, especialização em cartum, mestrado em desenho e doutorado em pintura. É autor de vários personagens de tirinhas, destacando-se, entre eles, O Conde, Angie e Zé Meiota.

Ao longo de uma trajetória profissional iniciada em 1975, n’A União, Tônio venceu concursos de desenho, participou de exposições coletivas e salões de artes visuais, publicou álbuns (bico-de-pena) e ilustrou livros, jornais e revistas. Ainda hoje continua sendo disputado por escritores, editores e publicitários, que o procuram para ilustrar livros e outros tipos de publicação.

A assinatura de Tônio consta nas ilustrações de páginas e mais páginas de A União (e de seus suplementos [como o Correio das Artes] e cadernos especiais), além de livros de inúmeros autores paraibanos, como Adalberto Barreto, Anco Márcio, José Souto, Terezinha Fialho, Luiz Augusto Crispim e, mais recentemente, Neide Medeiros Santos, Jairo Cézar e Socorro Barbosa.

Tônio é autor de capas de livros que trazem o selo de A União Editora e, durante o tempo em que trabalhou em agências de publicidade, desenvolveu projetos gráficos para cartazes e anúncios de jornal, além de paginar e montar livros. Estamos, portanto, diante de um profissional cujo talento é respaldado por uma vasta folha de serviços prestados à cultura paraibana.

Av. Chesf - Distrito Industrial, 451. João Pessoa - PB. CEP 58082-010
CNPJ 09.366.790/0001-06