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Mulheres pagam mais caro por produtos e serviços diversos

por publicado: 10/03/2018 18h05 última modificação: 10/03/2018 18h58
Ortilo Antonio Pesquisa realizada pelo DCA, em Nova York, revelou que as mulheres estão em desvantagem em 30 categorias de consumo

Pesquisa realizada pelo DCA, em Nova York, revelou que as mulheres estão em desvantagem em 30 categorias de consumo


Mariana Lira

Especial para A União

No cotidiano, as evidências de violências contra a mulher estão por toda parte. Entretanto, nem sempre percebe-se os ataques mais sutis, como a violência econômica. Estudos mostram que a mulher recebe menos e paga mais caro. Especialistas categorizam esse último fenômeno como “taxa rosa” ou “custo rosa”. O simples fato de um produto ser designado para o público feminino o encarece cerca de 12,3%, conforme estudo americano.

Discussões relacionadas à desigualdade de gênero trazem à tona diferenças em diversos âmbitos na sociedade, inclusive nos salários pagos para homens e mulheres. As profissionais recebem, em média, 26% menos que os homens, trabalhando nos mesmos cargos e durante a mesma carga horária, conforme dados do IBGE em 2014. Como se não bastasse, elas ainda pagam mais caro para adquirir os mesmos produtos, com a diferença de serem confeccionados para o público feminino.

A pesquisa realizada pelo Departamento de Assuntos do Consumidor (DCA), em Nova Iorque, revelou que as mulheres estão em desvantagem em 30 categorias de consumo, de 35 analisadas. O resultado alarmante é agravado porque, na maioria dos produtos, a única diferença é ser da cor rosa. Lâminas de barbear, canetas, roupas, desodorantes, entre outros produtos, apresentam variação em 42% dos casos, quando são das cores consideradas femininas.

Margarete Almeida, pesquisadora na área de gêneros, reforça: “A mulher é vista na sociedade como um produto!”, justificando que, majoritariamente, os homens estão no controle do comércio, economia e publicidade. A professora está à frente de um grupo de estudos intitulado Gênero e Mídia (GEM), no Centro de Comunicação Turismo e Artes da UFPB, que aborda diversas pautas acerca das questões de gênero e sua representação na mídia brasileira.

Sobre a “taxa rosa”, Margarete afirma que é mais um resultado da exploração que a mulher é submetida diariamente. Conforme a professora, a lógica capitalista, que é feita de homens para homens, põe a mulher como protagonista de consumo para o usufruto masculino. Isto é, as mulheres consomem serviços e produtos que têm o propósito de encaixá-las em determinado padrão de beleza e comportamento. As oportunidades de lucrar com tais necessidades impostas às mulheres, não poderiam ser perdidas.

As mulheres entrevistadas pelo jornal A União, no comércio do Centro de João Pessoa, têm opinião unânime: injustiça. Entretanto, nem todas tinham conhecimento dessa realidade. De fato, a violência econômica é tão sutil que acaba passando despercebida pelas consumidoras. Elas, que tem o costume de comparar os preços, acabam se atendo a seção feminina e não notam a disparidade de preços em relação a ala masculina.

A jovem consumidora Elisa Gomes não tinha notado a diferença, mas bastou processar a informação para perceber a injustiça associada a estratégia de marketing. “Não tem o porquê de ser mais caro. Mas pensando bem o lucro é maior para as lojas, já que as mulheres consomem muito mais, principalmente roupas, do que os homens. Então, se o produto para a mulher for mais caro, as lojas vão sair com mais lucro” declarou a estudante. "Está tão enraizado que nem questionamos". As mulheres pagam mais caro em salões de beleza e em produtos de cuidados pessoais, enquanto os homens pagavam mais caro para entrar em baladas. É preciso debater sobre quais são os motivos desta diferenciação e até que ponto marketing e sexismo devem andar juntos.

No Brasil, enquanto não há estudos que comprovem a discrepância de preços entre os mesmos produtos e serviços para homens e mulheres, nem há proibições relacionadas ao tema, pesquisar e comparar preços ainda é a melhor alternativa para economizar. Ou ainda, se a cor não fizer diferença, adquirir produtos no setor masculino aumenta as chances de economia.

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