Contraste

Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Políticas > Príncipe saudita emprega manobra política para eliminar oposição alegando combate à corrupção

Notícias

Príncipe saudita emprega manobra política para eliminar oposição alegando combate à corrupção

por publicado: 09/11/2017 20h05 última modificação: 09/11/2017 20h04
Reprodução/Internet O príncipe herdeiro Mohammed bin Salmane preside uma nova comissão anticorrupção no país

O príncipe herdeiro Mohammed bin Salmane preside uma nova comissão anticorrupção no país


Da AFP

Mais de 200 pessoas foram presas na Arábia Saudita como parte da operação anticorrupção sem precedentes realizada recentemente no reino, informou nesta quinta-feira (9) em um comunicado o procurador-geral do país. Ministros, empresários e príncipes, incluindo o bilionário Al-Walid bin Talal, estão entre os detidos ou demitidos na semana passada nesta operação, que diz respeito a desvios de fundos que chegariam a 100 bilhões de dólares em dez anos.

“Um total de 208 pessoas foram convocadas para interrogatório até o momento. Dessas 208 pessoas, sete foram liberadas sem acusação. A amplitude potencial dos atos de corrupção revelados é enorme”, indicou o Ministério da Informação em um comunicado. A operação foi lançada após o estabelecimento de uma nova comissão anticorrupção presidida pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salmane. E acontece em um tenso contexto regional, com a Arábia Saudita e o Irã em lados opostos pela guerra no Iêmen, e uma possível crise política no Líbano após a renúncia do primeiro-ministro Saad Hariri, atualmente em Riad.

As autoridades sauditas congelaram as contas bancárias dos acusados e anunciaram que qualquer atividade relacionada a temas de corrupção seria confiscada como propriedade do estado. “Segundo nossas investigações, calculamos que ao menos 100 bilhões de dólares foram desviados através de atos de corrupção”, ressaltou o Ministério. Os detidos serão julgados por um tribunal, segundo garantiu na segunda-feira (6) o procurador-geral do reino.

Com o expurgo que os analistas descrevem como um ousado, e arriscado, jogo de poder, o príncipe Mohamed parece querer centralizar o poder em um nível sem precedentes na história recente de seu país. “Apesar dos meios de comunicação sauditas apresentarem essas medidas como uma campanha contra a corrupção, as detenções em massa sugerem que se trata mais de uma luta pelo poder”, considerou na quarta-feira (8) a organização Human Rights Watch (HRW).

O príncipe Mohamed, filho do rei Salman, é considerado o líder de fato da monarquia governante. Controla as principais instâncias de poder, desde a defesa até a economia, e parece disposto a acabar com qualquer oposição interna antes que seu pai, de 81 anos, entregue a ele o poder. A operação coincide com o lançamento de um amplo plano de reformas, o 'Visão 2030', com o qual o príncipe Mohamed pretende modernizar o reino e diversificar sua economia, que depende em grande medida do petróleo, cujo preço despencou nos últimos tempos.

Além desses movimentos internos, a monarquia sunita afronta um clima político e diplomático cada vez mais tenso no Oriente Médio, especialmente com o Irã xiita. Após um ataque frustrado contra o Aeroporto de Riad no sábado (4), reivindicado pelos rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, a Arábia Saudita acusou Teerã de uma “agressão direta”. O Irã rejeitou as acusações de que fornece mísseis aos rebeldes xiitas e advertiu a Arábia Saudita do “poder” iraniano.

A agitação regional se tornou explícita na semana passada no Líbano quando Hariri renunciou ao criticar o “controle” exercido pelo Irã em seu país, chegando a afirmar que temia por sua vida. Nests contexto, Riad pediu nesta quinta-feira aos seus cidadãos que deixem o Líbano “o mais rapidamente possível”. A última disputa entre Riad e Teerã poderia complicar ainda mais a guerra travada por procuração no Iêmen e na Síria, onde apoiam lados opostos.

Av. Chesf - Distrito Industrial, 451. João Pessoa - PB. CEP 58082-010
CNPJ 09.366.790/0001-06