Contraste

Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Políticas > Grito dos Excluídos pede saída de Temer e eleições diretas

Notícias

Grito dos Excluídos pede saída de Temer e eleições diretas

por publicado: 08/09/2016 07h55 última modificação: 08/09/2016 07h55
Marcelo Camargo/Agência Brasil Do  lado  oposto ao  do  desfile  oficial,  manifestantes  pedem  saída  de  Temer

Do lado oposto ao do desfile oficial, manifestantes pedem saída de Temer


Da Agência Brasil

Uma frase unificou ontem (7) o discurso dos participantes do Grito dos Excluídos DF Fora Temer, manifestação realizada do lado oposto ao do desfile do Dia da Independência, na Esplanada dos Ministérios:  “Eu já falei, vou repetir, é o povo que tem que decidir”, diziam os manifestantes, em sua maioria integrantes de movimentos sociais e estudantis e entidades civis. Eles pediam a saída de Michel Temer da Presidência da República e que o povo decida sobre os novos governantes.

“Mesmo que vença alguém de direita, que o povo possa decidir. Que o Temer se candidate e apresente seu plano de governo”, disse Ademar Lourenço, um dos coordenadores do Grito. “Estamos aqui para mostrar o repúdio da população. As medidas que o Temer propõe são piores que as detodos os governos anteriores: Dilma, Lula e até FHC.”

De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, no auge da manifestação, havia cerca de 2,7 mil participantes. Para os organizadores, eram 10 mil.

Acompanhada por amigas, a estudante Luiza Lucchesi levava um cartaz com a frase "Fora, Temer" escrita repetidas vezes. “Repito quantas vezes forem necessárias”, afirmou a estudante. “A gente não pode ficar em casa se escondendo”, acrescentou Luiza.

Os manifestantes fizeram também críticas à proposta da reforma da Previdência, que poderá tornar mais rígidas as regras de aposentadoria e a proposta de fixação de um teto para o reajuste orçamentário, contida na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016. Reclamaram também da falta de representatividade de mulheres, negros e representantes dos grupos LGBTs no governo e negros no governo.

A concentração teve início por volta das 8h30, em frente ao Museu da República. Após o fim do desfile, às 11h30, a passeata seguiu para o Congresso Nacional. Com o fim do desfile, diversas outras pessoas uniram-se à manifestação.

“Vimos o desfile e viemos para cá, temos que mostrar nossa insatisfação”, disse Inone Miranda, profissional de limpeza. “Essa é a primeira manifestação dela”, acrescentou, apontando para a filha, Melissa, de 8 anos. Com um sorriso no rosto, Melissa disse que achou muito animado. “Fora, Temer, fora, Temer, fora, Temer”, saía a menina, gritando e pulando entre os manifestantes. A mãe ia atrás.

Pouco antes do meio-dia, os manifestantes chegaram em frente ao gramado do Congresso Nacional e continuaram mostrando cartazes, entoando palavras de ordem e tocando instrumentos de percussão. Uma grande faixa vermelha foi exibida com os dizeres “Lula, guerreiro do Brasil, mais direitos, mais democracia”, ao lado de uma enorme bandeira em verde e amarelo, também com a frase “Fora, Temer” escrita em vermelho.

Do outro lado do gramado, uma faixa com imagens de Temer e do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), assinada pelo PCdoB, trazia a seguinte frase: “Golpista, o Brasil não te quer”. Diversos cartazes e faixas de movimentos também eram exibidos em frente ao espelho d'água do Congresso, que chegou a ser ocupado por alguns manifestantes portando bandeiras.

Agressão e pessoas conduzidas

Um cinegrafista que trabalhava no protesto foi agredido por um manifestante, e ambos foram encaminhados para a 5ª Delegacia da Polícia Militar (PM) em Brasília. O professor Otamir de Castro, de 64 anos, que participava do ato, disse que a confusão começou depois de provocações aos manifestantes. “Eu vi a provocação dessa senhora. É uma mulher vestida de militar. Ela vai a todas as manifestações. Ela cospe e dá beliscão nas pessoas. Se a pessoa perde a paciência, ela grita e provoca”, afirmou o professor.

A deputada federal Érika Kokai (PT-DF) tentou mediar a ação da PM, mas não conseguiu evitar que o manifestante, cujo nome ainda não foi divulgado, fosse conduzido à delegacia. “Já tinham levado o cinegrafista para depor. Se ele ainda estivesse aqui, poderia ter resolvido agora mesmo”, disse a deputada, informando que advogados acompanharam a condução do manifestante.

Durante as negociações, algumas pessoas que assistiram à ação dos policiais disseram que houve pedidos para que o manifestante fosse liberado. Eles relataram que foi usado gás de pimenta. O 2º tenente Oliveira chegou a fazer uso de força física para empurrar e afastar a reportagem da Agência Brasil da deputada e do manifestante.

De acordo com informações preliminares da PM, um menor de idade foi apreendido por porte de drogas. Segundo a PM, o cinegrafista, que foi até a delegacia prestar depoimento, passa bem.

Ministros minimizam protestos

Os ministros Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil da Presidência da República, e o secretário-geral da Presidência da República, ministro Geddel Vieira Lima, minimizaram os protestos registrados hoje na Esplanada dos Ministérios, onde foi realizado o desfile de 7 de Setembro com a presença do presidente Michel Temer.

Perguntado se havia sido surpreendido pelas manifestações, Padilha afirmou: “vocês já viram falar em uma democracia em que não haja liberdade de manifestação?”

O ministro disse ainda que não ficou surpreso com o protesto. “A mim, [o protesto] não me surpreendeu. A dimensão é de 18 pessoas em 18 mil. Acho que está boa [a dimensão]”.

As declarações foram dadas depois que o desfile foi encerrado. O ministro Geddel Vieira Lima também minimizou as manifestações. " Eu achei tudo bem os aplausos das pessoas com bandeiras verde e amarela. Vocês não perguntam sobre isso. Perguntam sobre o Fora Temer”, afirmou o ministro.

Av. Chesf - Distrito Industrial, 451. João Pessoa - PB. CEP 58082-010
CNPJ 09.366.790/0001-06