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Ícones da moralidade pela direita caem em escândalos de corrupção

por publicado: 12/06/2016 00h05 última modificação: 10/06/2016 22h21
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo Japonês da Federal, considerado um defensor da legalidade por ativistas de direita foi preso acusado de corrupção

Japonês da Federal, considerado um defensor da legalidade por ativistas de direita foi preso acusado de corrupção


Jadson Falcão
- Especial para A União

Nessa semana, mais dois escândalos de corrupção vieram à tona através da atuação da operação Lava-Jato no país, desta vez atingindo ícones da direita. A prisão do policial federal Newton Ishii e a abertura de processo contra Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha, chegam para somar à onda de escândalos que têm alcançado supostos heróis daqueles que atacaram o governo da presidente afastada Dilma Rousseff. O deputado estadual Frei Anastácio afirma que caso Cunha seja preso, mais escândalos virão à tona.

A prisão de Newton Ishii - mais conhecido como “Japonês da Federal” - na terça-feira (7), por corrupção chocou a população que se acostumou a ver o policial conduzindo reús da operação. O acusado de crime de facilitação do contrabando foi preso em Curitiba e o processo transitou em julgado, ou seja, não cabe recurso.

A abertura de ação por lavagem de dinheiro contra a esposa do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, já era esperada, e também aconteceu nessa semana, mais especificamente na quinta-feira (9). A jornalista Cláudia Cruz vai responder a processo por lavagem de dinheiro de mais de US$ 1 milhão provenientes de crimes praticados por Eduardo Cunha, além de ser acusada também de evasão de divisas.

Investigações apontam que Cláudia tinha consciência dos crimes que praticava, e é a única controladora da conta em nome da offshore Köpek, na Suíça, por meio da qual custeou despesas de cartão de crédito no exterior, em montante superior a US$ 1 milhão num prazo de sete anos - de 2008 a 2014 -. De acordo com a investigação, o valor é totalmente incompatível com os salários e o patrimônio lícito de Eduardo Cunha.

Para o cientista político Rubens Pinto Lyra, as prisões se inserem num quadro amplo de uma forte atuação do Judiciário e do Ministério Público que, pela primeira vez no Brasil, vêm mostrando sua autonomia, revelando uma grande roubalheira e punindo culpados.

Lyra afirma que vê a Lava Jato como um processo positivo, porém se diz preocupado com o que chama de “um certo direcionamento” no que tange as abordagens que o terceiro poder tem feito na luta contra a corrupção. “Nós tivemos o caso de Lula que foi ostensivo e ilegal, e nós temos outros casos, como por exemplo em Minas Gerais, onde uma juíza decretou a proibição de uma reunião de alunos do centro acadêmico de direito que iriam debater sobre o impeachment. Isso é absurdo e é uma violência contra a liberdade de expressão. O judiciário vem extrapolando das suas atribuições”, explicou Lyra.

O cientista político ressaltou a ambivalência que, para ele, existe quanto a operação. “De um lado você tem um processo importante que é o Judiciário fazendo seu papel e punindo pessoas que antes eram intocáveis. O problema é que isso se faz com a utilização de métodos que extrapolam os métodos que são próprios do Estado de Direito”, disse ele.

Rubens Pinto Lyra explicou ainda que se o presidente da Câmara for preso, ninguém sabe o que vai acontecer, “porque muitos acham que ele tem a chave de muitos segredos”. Para ele, “ a prisão de Eduardo Cunha será a manha de todas as prisões”, e caso aconteça, a prisão pode agravar ainda mais a situação do governo do presidente interino, Michel Temer.

O deputado estadual Frei Anastácio (PT) afirmou que o Brasil está sendo comandado não por Michel Temer, mas sim por Eduardo Cunha. “Ele é poderoso e manobra a Câmara. Você tira pela questão da Comissão de Ética, que está apurando o caso dele e levando o processo em banho-maria porque de fato ele tem muito poder. O governo Temer é um governo que além de não ter legitimidade, está sendo manobrado pela Câmara e não tem nenhuma força”, afirmou o deputado.

Frei Anastácio disse que a prisão do “Japonês da Federal” foi algo muito bom, “porque para essas pessoas que eram ‘os paladinos da moralidade’, a máscara está caindo”.

O deputado afirmou ainda que “a Justiça tem que fazer justiça“, independentemente do partido a qual pertença o acusado. “Seja do PT, do PMDB ou do PSDB, quem for bandido tem que ir para a cadeia mesmo”, afirmou ele, que completou dizendo que o governo de Michel Temer além de ser ilegítimo, “vai deixar o país numa situação muito pior do que ele diz que encontrou”.

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