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#148 ‘Ollie’, a animação que vai alugar um apartamento na sua cabeça

por publicado: 28/09/2022 00h00 última modificação: 14/11/2022 10h16
Foto: Netflix/Divulgação Versão ‘dark’ de ‘Toy Story’, coelhinho de pelúcia sem memória procura pelo seu melhor amigo

Versão ‘dark’ de ‘Toy Story’, coelhinho de pelúcia sem memória procura pelo seu melhor amigo

por Gi Ismael*

Está difícil conseguir tempo para acompanhar tantas séries e filmes e jogos. Sandman, Anéis do Poder, Casa do Dragão... Não tenho dado conta. Por isso agora me chame de, no máximo, senhora minisséries. Se você está na mesma, indico fortemente Ollie - O Coelhinho Perdido, da produção original Netflix.

Com apenas quatro episódios de cerca de 40 minutos cada, a série limitada é baseada no livro Ollie’s Odyssey (Atheneum Books, 2016), de William Joyce. Feita a partir de uma obra infantil, onde ursinhos de pelúcia e bonecos são protagonistas, Ollie tinha todo o apelo para ser uma animação. Mas a escolha de trazer inserções de computação gráfica para o live action (como fizeram Uma Cilada para Roger Rabbit, 1988, e Space Jam, 1996, por exemplo), foi um dos grandes acertos da série.

Billy (Kesler Talbot) é um garotinho cujas aventuras e cotidiano são compartilhados com seu melhor amigo, Ollie (com a voz de Jonathan Groff), um coelhinho de pano. Um dia, o brinquedo acorda numa loja de penhores sem memórias do que lhe aconteceu ou onde está seu companheiro e família (Jake Johnson e Gina Rodriguez). Com ajuda do boneco Zozo (Tim Blake Nelson) e da ursinha de pelúcia Rosy (Mary J. Blige), Ollie tenta juntar suas memórias e parte numa expedição para reencontrar seu melhor amigo. É, prepara o lencinho porque se você achou Toy Story tocante, Ollie vai alugar um apartamento na sua cabeça.

Tal qual o coelhinho, a história é feita de retalhos. É secundário o quebra-cabeças a fim de descobrir os caminhos que Ollie deve seguir para voltar para casa, uma vez que os reais motivos pelos quais ele está perdido são a delicada linha de costura da trama. O primeiro episódio traz o contexto familiar de Billy e sua relação com Ollie; o segundo, a jornada em busca do lar e o resgate de memórias importantes; o terceiro é dedicado a contar a história de Zozo; e o quarto, por fim, encerra a aventura.

A classificação indicativa da minissérie é 10 anos de idade, mas, não tenha dúvidas, o público adulto é quem mais ganha com a história. Existe muita sensibilidade na forma como ela é contada, trazendo discussões sobre paternidade, adoção, preconceito e a importância de criar laços. Ollie - O Coelinho Perdido é adaptada por Shannon Tindle, roteirista do filme em stop-motion Kubo e as Cordas Mágicas (2016), e dirigida por Peter Ramsey, cineasta que garantiu uma estatueta do Oscar em 2019 graças ao seu trabalho como diretor em Homem-Aranha no Aranhaverso (2018), duas animações excelentes da década 2010. Animação, por sinal, é um outro ponto forte da série. O departamento de arte fez um belíssimo trabalho de design e de execução, tornando as transições entre animação e cenas “reais” imperceptíveis.

Ollie não parece uma produção feita para vender bonecos, como têm sido alguns spin-offs de Star Wars ou do MCU, mas o coelhinho protagonista é tão apaixonante que até um adulto vai querer uma pelúcia igual para dar todo amor e carinho que o personagem merece. Estou falando de mim para generalizar algo incomensurável? Com certeza. Escrevi essa coluna com lágrimas nos olhos e querendo assistir de novo a série? Não tenha dúvidas.

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 28 de setembro de 2022.

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